Dor dos feminicídios é retratada em exposição
07/03
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Informativo
Morta por "se fazer de difícil". Assassinada a facadas com o filho no colo depois de uma discussão. Estrangulada e jogada num poço abandonado. Queimada viva por causa do fim do relacionamento.
Essas e outras histórias de mulheres vítimas de feminicídios estão retratadas na exposição "Agora ou na hora de nossa morte" - promovida pela Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica do RS.
Sutiãs pretos, junto a relatos de crimes,
simbolizam as vidas perdidas para a violência doméstica.
A mostra foi lançada dia 06 de março, no Palácio da Justiça, em Porto Alegre, durante a abertura oficial da Semana da Justiça pela Paz em Casa.
"Não se trata apenas de violência contra a mulher, mas contra o núcleo familiar. Todo desassossego que ingressa no nosso lar, nos fere", afirmou a Corregedora-Geral da Justiça, Desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira. "Algumas mulheres relutam em buscar ajuda, acham que magicamente os problemas se resolverão. Infelizmente, a prática nos diz que não. A violência tende a crescer", acrescentou a magistrada.
Até o dia 10, tribunais de todo o país estarão mobilizados pela resolução de casos de violência doméstica e ações de enfrentamento à violência de gênero. No RS, tema desta edição é #Transformando pela paz.
Mostra traz ainda dados estatísticos no RS.
No RS, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP/RS), houve 99 feminicídios em 2016. Já no Poder Judiciário Estadual, no ano passado, foram iniciados 156 processos que apuram feminicídios (entre tentativas e consumados).
A exposição "Agora ou na hora de nossa morte" retrata 20 assassinatos de mulheres em situação de violência doméstica. Ao lado de cada história, que traz um resumo da situação vivida pelas vítimas e a forma como foram mortas por seus companheiros, os sutiãs pretos simbolizam a morte de uma mulher. Também é possível ouvir relatos baseados em histórias reais de sobreviventes de casos de violência doméstica.
Atriz Letícia Kleeman fez performance emocionante
baseada em histórias reais.
Logo no início da cerimônia, a atriz Letícia Kleemann surpreendeu o público presente com uma performance emocionante, baseada em relatos reais de vítimas que sobreviveram às agressões:
Apanha porque gosta. Fez por merecer. Eu provoquei ele. Quem nunca ouviu uma frase dessas? Nunca achei que ele fosse capaz de tentar me matar. As promessas ficavam nas agressões físicas e psicológicas. Socos, pontapés, empurrões. Humilhação na frente dos parentes, dos amigos, dos filhos. Foi na frente das crianças que ele tentou me matar.
Narrativas de sobreviventes
também podem ser ouvidas na exposição.
A exposição estará aberta ao público durante todo o mês de março, das 9h às 18h.
Texto: Janine Souza
Fotos: Márcio Daudt
Publicado originalmente no site do Tribunal de Justiça do RS.